Aviso de Privacidade Esse site usa cookies para melhorar sua experiência de navegação. A ferramenta Google Analytics é utilizada para coletar informações estatísticas sobre visitantes, e pode compartilhar estas informações com terceiros. Ao continuar a utilizar nosso website, você concorda com nossa política de uso e privacidade. Estou de Acordo

Clipping - Número de doentes à espera de exames e cirurgias cresce 80%

O Globo / Rio

21/10/2017


São 244 mil pessoas na fila; unidades de saúde da Zona Oeste demitem 140

Além de emergências e clínicas lotadas, o caos na rede municipal se reflete na fila de 244 mil pessoas que estão à espera hoje de exames, consultas ou cirurgias no Rio. O número cresceu 80% desde 31 de dezembro do ano passado, quando 134 mil estavam na lista do Sistema de Regulação (Sisreg) da prefeitura. A subsecretária de Regulação, Controle, Avaliação, Contratualização e Auditoria da Secretaria municipal de Saúde, Cláudia da Silva Lunardi, apresentou esses dados ontem ao Ministério Público. São 125 mil doentes aguardando consultas clínicas, 74 mil precisando de exames e 45 mil, de cirurgias.

A Secretaria municipal de Saúde afirmou que as ações da prefeitura não têm o objetivo de reduzir a fila do Sisreg, mas de diminuir o tempo de espera. Segundo o órgão, 70% dos pedidos têm sido agendados no mesmo mês da solicitação. A secretaria informou ainda que o aumento da demanda se deve à “redução do número de assistidos por planos de saúde em decorrência da crise econômica”.

Mas a situação deve se agravar. A organização social SPDM, que administra 32 unidades de atenção básica em Santa Cruz, Sepetiba e Paciência, demitiu nos últimos dois dias 140 profissionais, entre agentes comunitários de saúde, enfermeiros, dentistas e técnicos de saúde bucal. O motivo é o corte dos repasses da prefeitura. Além da redução nas equipes de saúde da família, confirmada pelo conselho de saúde da região, uma das mais carentes da cidade, oito médicos pediram as contas na semana passada em função dos salários atrasados. A OS admitiu que também ocorreram demissões em unidades do Centro, do Méier, de Inhaúma e do Jacarezinho.

— É uma atrocidade o que está acontecendo com a população da Zona Oeste. Esses gestores não têm noção do que estão fazendo. É um genocídio porque tudo o que temos, além de uma única emergência que é a do Hospital Pedro II, são as clínicas da família — disse Geraldo Batista de Oliveira, presidente do Conselho de Saúde de Santa Cruz.

Os cortes nas equipes da saúde da família começaram em agosto, quando o contrato com a organização social Iabas, que administra 13 unidades na Barra, no Recreio e em Jacarepaguá, foi renovado com o valor 5% menor. Desde então, de acordo com levantamento feito pelo gabinete do vereador Paulo Pinheiro (PSOL), além das demissões desta semana, 50 profissionais foram dispensados com a readequação do orçamento.

O atraso na liberação de recursos pela prefeitura também atinge outras OSs, como a Viva Rio, cujos funcionários que trabalham em clínicas da família fizeram ontem uma manifestação na Penha porque estão sem receber.

CRIVELLA PROMETE RECURSOS

Além das unidades de atenção básica, os hospitais gerais sofrem com o contingenciamento de cerca de R$ 500 milhões imposto pela prefeitura em toda a área da saúde. No Hospital municipal Rocha Faria, em Campo Grande, além da falta de insumos básicos e medicamentos, o atraso nos salários levou a 24 pedidos de demissão este mês.

Diante da agonia por que passa a rede, o prefeito Marcelo Crivella prometeu ontem liberar mais verbas:

— Vamos encontrar os recursos. Os R$ 90 milhões estão sendo liberados e estamos encontrando mais R$ 100 milhões com o remanejamento de rubricas, para alocar na saúde ainda nesta próxima semana.

O GLOBO procurou as quatro OSs responsáveis pelas unidades de atenção básica no Rio. A Viva Rio respondeu que, por questões jurídicas do contrato com a prefeitura, não pode se manifestar. A SPDM afirmou apenas que foram feitas “adequações, de acordo com o orçamento repactuado pelo gestor municipal.” Já o Iabas informou que, em relação às unidades de atenção básica, não houve demissões. Representantes do Instituto Gnosis não foram localizados