Clipping - Lipoaspiração em clínica irregular acaba em morte
Extra /
11/10/2017
Paciente sofre complicações após cirurgia em local que foi interditado há mais de dois anos
O Cremerj abriu uma investigação para apurar a conduta do médico
A Esthetic Life, clínica na Taquara, na Zona Oeste do Rio,
onde Alessandra Machado da Silva, de 35 anos, morreu na sexta-feira passada,
após uma cirurgia, sequer poderia fazer procedimentos dessa natureza. O local
tinha sido parcialmente interditado pela Superintendência de Vigilância
Sanitária (Suvisa), da Secretaria de estadual de Saúde, em setembro de 2015,
após a morte de uma paciente que fez uma lipoaspiração. Alessandra, que
passaria pelo mesmo tipo de intervenção, além de abdominoplastia e laqueadura,
também foi vítima de complicações.
A inspeção feita há dois anos constatou que a clínica não
tinha condições de fazer cirurgias. Tinha autorização apenas para serviços
odontológicos e atendimentos ambulatoriais. A morte de Alessandra — que foi
operada na quinta-feira e morreu no dia seguinte — é investigada pela Polícia
Civil.
A família da paciente acusa o médico que a operou, Mauricio
Teixeira de Britto, de negligência e de não ter especialização para
procedimentos estéticos.
O médico não é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica. No Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, sua especialização foi
declarada como “médico do trabalho”. Em cadastros de profissionais na internet,
ele aparece como ginecologista.
Segundo a família da vítima, Alessandra teve complicações
durante a cirurgia, mas a ambulância só chegou para socorrê-la cerca de três
horas depois. O médico, no entanto, havia garantido que, em caso de
complicações, haveria uma ambulância à disposição. Ela foi transferida para o
Hospital das Clínicas, também na Taquara, mas não resistiu.
— A demora a prejudicou. Aplicaram muita adrenalina e
tentaram reanimá-la por uma hora. Mas o médico não apresentou os riscos da
cirurgia em momento algum. Pelo contrário, passou muita tranquilidade, disse
que como ela era jovem e saudável, sem problemas no coração, e que aguentaria
passar pelas três cirurgias no mesmo dia — disse Elena Machado, de 37 anos,
irmã de Alessandra.
Anteontem, uma equipe da Suvisa foi à clínica, que estava
fechada. Foi elaborado um cronograma de fiscalização para monitorar a unidade.
O EXTRA não conseguiu contato com nenhum representante do estabelecimento nem
com o médico Mauricio Teixeira de Britto.