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Clipping - Vacina contra vício em cocaína não avança por falta de verba

O Globo /

20/06/2017


Pesquisa precisa de cerca de R$ 300 mil para fazer testes em humanos

LUIZA SOUTO

SÃO PAULO- Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveram uma vacina que combate o vício em cocaína e crack, e contam que já conseguiram comprovar a eficácia do produto em animais. Por falta de verba, no entanto, a equipe envolvida afirma que não consegue avançar nos testes em humanos — o estudo precisa de R$ 300 mil para ter continuidade.

Um dos responsáveis pela pesquisa, o professor Frederico Garcia, coordenador do Centro Regional de Referência em Drogas da UFMG, explica que a substância consiste numa molécula que estimula a produção de anticorpos contra a droga e impede que ela libere dopamina no cérebro, cortando a sensação de prazer. Segundo Garcia, os testes da vacina em animais terminaram há quase seis meses e tiveram resultados promissores.

— Estamos trabalhando na biossegurança, avaliando se a molécula trará danos ao passar para seres humanos. Já entramos com pedido de patente e pleiteamos financiamento para a chamada fase um com pacientes, mas infelizmente não há recursos — lamenta Garcia.

Nesta próxima fase do estudo será testada a segurança do produto em cerca de 60 pacientes, que serão monitorados por aproximadamente seis meses. Caso não seja identificado nenhum efeito colateral grave, a próxima etapa incluirá mais 300 pessoas, e terá duração de cerca de um ano. A expectativa dos cientistas é conseguir financiamento até o primeiro trimestre do ano que vem.

— Precisamos de cerca de R$ 300 mil para dar continuidade à pesquisa — contabiliza Garcia, que integra o grupo de pesquisas há três anos.

Levantamento feito em 2015 pelo escritório de Drogas e Crimes da Organização das Nações Unidas (UNODC, na sigla em inglês) aponta que o consumo de cocaína no Brasil é quatro vezes superior à média mundial, de 0,4%. O documento relata ainda que existem cerca de 17 milhões a 20 milhões de usuários da droga em todo o mundo. 370

MIL USUÁRIOS DE CRACK

Com relação ao crack, que é uma mistura de cocaína com o bicarbonato de sódio ou amônia, uma pesquisa da Fiocruz feita em 2013 revelou que cerca de 370 mil brasileiros de todas as idades usaram regularmente a droga, além de similares (pasta base, merla e óxi) nas principais capitais do país. Esse número corresponde a 0,8% da população das capitais do Brasil e a 35% dos consumidores de drogas ilícitas nessas cidades.